sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A FOGUEIRA ACESA



                        O maior desejo de Ximbuca era ter alguns dias a sós com o grande Pajé. Acreditava que desta forma seria mais fácil aprender os seus ensinamentos. O Pajé, sabendo dos desejos de Ximbuca, resolveu lhe fazer uma surpresa. Assim, foi que o convidou para passarem alguns dias na floresta adentro.                 
                        Ximbuca deu pulos de alegria e foi correndo arrumar suas coisas para ir com o Pajé para a floresta adentro. Assim, foram caminhando cada vez mais para dentro da floresta até chegarem ao lugar previsto pelo Pajé, que era  formado por mata bem cerrada, sendo necessário caminharem até o pé de uma grande rocha, conhecida por todos como Pedra da Lua. Depois da escalada, o Pajé determinou que Ximbuca preparasse o lugar, onde iriam dormir naquela noite, e que fosse procurar por lenha, pois teriam de fazer uma fogueira, pois logo anoiteceria. Por isso, Ximbuca, com grande devoção, cuidou para que tudo fosse preparado de acordo com a vontade do Pajé, e saiu saltitante em busca da lenha para o preparo da fogueira ao luar.
                        Mas qual foi sua surpresa!? Ximbuca afoito em seus pensamentos, não conseguindo relaxar, acabou tendo muita dificuldade para encontrar lenha que servisse para o preparo de uma boa fogueira, como a que a ocasião sugeria. Depois de passadas algumas horas, Ximbuca voltou trazendo a lenha em seus braços. Estava cansado e muito irritado, mas voltou a sorrir quando o Pajé veio ao seu encontro, felicitando-o pelo esforço, e vibrando positivamente em seu favor, desejando que Ximbuca, na dor encontrada, pudesse evoluir espiritualmente. Pois o pajé sabia o quanto era difícil encontrar lenha boa naquela parte da floresta.
                                    Logo ao chegar, Ximbuca deitou-se para descansar, mas o Pajé imediatamente interveio:
                        - Ximbuca está anoitecendo e nós não temos fogo! Trate de andar rápido e faça uma boa fogueira para que possamos manter os animais afastados!
                        Nossa! Ximbuca não acreditou no que acabara de ouvir, mas, imediatamente se pôs a fazer a fogueira. Quando o fogo estava já bem alto, o Pajé lhe agradeceu e novamente lhe destinou energias reconfortantes, pondo-se a sentar-se ao lado da fogueira. Ximbuca deu-se por satisfeito. Tudo estava na mais perfeita ordem e na mais suave harmonia. Iria finalmente poder ouvir os ensinamentos do Pajé e depois descansar.
                        Foi então que o Pajé lhe falou:
                        - Ximbuca, bravo guerreiro, vou recolher-me e ficarei a noite inteira envolvido com minhas rezas. Quero pedir-lhe uma coisa: não permita, sob hipótese alguma, que este fogo se apague. Amanhã, quando o sol raiar, este fogo deverá ainda estar aceso!
                        Ximbuca tentou perguntar ao Pajé o porquê de tal pedido, mas ele já se recolhera para fazer suas rezas, e Ximbuca sabia que não o poderia incomodar. Entediado, sentou-se ao lado da fogueira. Sabia que não poderia dormir e que o fogo deveria permanecer aceso. Colocava lenha de hora em hora para alimentar a fogueira, e de repente olhou para o céu viu que poderia chover, pois o tempo fechou, cobrindo os raios do luar. E agora?!
                        O tempo passava e o dia já estava quase amanhecendo e Ximbuca, a essa altura, estava furioso. Sentia tanta raiva que teve vontade de abandonar o Pajé ali mesmo. Contudo, teve que desarmar sua rede para poder cobrir a lenha e proteger a fogueira da chuva. Estava todo molhado, e não suportando mais tanto sofrimento se pôs a chorar!
                        Momento em que o Pajé apareceu e lhe disse:
                        - Ximbuca, se tens por propósito descobrir os segredos do poder dos elementares, procura primeiramente iluminar-te e servir ao Grande Espírito da floresta, estando sempre muito bem disposto a cuidar da tua chama interior! Portanto, não permitas que nenhum pensamento e nenhuma emoção - criados por tua própria mente -, contaminem a tua paz e a tua serenidade! Deves procurar formas e formas de manter tua chama acesa, não te entregando jamais aos pensamentos carregados de pessimismo e de desesperança! A confiança em teu propósito é o que te guiará e o que te fará manter sempre este fogo aceso! Sem esta chama, tu cairás na escuridão e o que poderás aprender quando nada podes ver?!

                        Agora já podemos voltar para a nossa aldeia. A nossa missão aqui já está cumprida!

       

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