Os Pajés contam que, há
muito, muito tempo, no começo do mundo, Jaci (Deusa Lua) se escondia no
horizonte, parecendo descer por trás das serras. Ao entardecer, beijava e
enchia de luz os rostos das mais belas virgens Cunhãs da aldeia, escolhendo,
dentre as mais belas virgens, uma para viver com ela. Diziam, ainda, que se
Jaci gostasse muito de uma jovem, transformava-a em estrela do Céu.
Um dia, uma linda jovem
virgem da tribo, a guerreira por nome Naiá, depois de ter ouvido a estória,
vivia sonhando com esse incrível encontro e mal podia esperar pelo grande dia
em que seria chamada por Jaci. Os mais idosos da tribo alertavam a virgem Cunhã
que depois de seu encontro com Jaci, conforme se acreditava, as moças perdiam
seu sangue, sua carne e todo o seu corpo, transformando-se em luz e logo se
tornavam nas estrelas do céu. Naiá ouvia aquelas impressionantes estórias e
sentia muita curiosidade de conhecer Jaci, talvez porque no fundo Naiá quisesse
saber para onde Jaci levava a sua virgem escolhida.
Por isso, à noite, andava
pela floresta adentro atrás de Jaci, sem nunca alcançá-la. Situação que passou
a se repetir todas as noites, terminando sempre com a frustração de Naiá, tanto
que, ao voltar, logo pegava no sono, totalmente exausta e, sem desistir em seu
íntimo, sonhava com o tão desejado, encontro embalada em sua rede.
O desejo por encontrar
Jaci consumiu Naiá de tal forma que já não comia e nem bebia mais nada. Não
havendo Pajé no mundo que lhe tirasse o obcecado desejo de encontrar Jaci.
Um dia, em mais uma de
suas muitas peregrinações noturnas atrás do luar, resolveu parar para descansar
e beber água, pois estava com muita sede após longa caminhada pela floresta.
Assim, sentou-se à beira de um lago e viu, em sua superfície, a imagem de Jaci,
a Deusa amada, refletida em suas águas. Enfraquecida por falta de alimento e
visivelmente abatida, ao ver a imagem de Jaci refletida nas águas, não
encontrando forças para pensar direito e impulsionada por forte emoção,
lançou-se no fundo das águas numa tentativa desesperada de encontrá-la, e se
afogou.
Jaci, compadecida com a
triste tragédia, quis recompensar o sacrifício da bela jovem Cunhã, e resolveu
transformá-la em uma estrela diferente de todas, ou seja, resolveu fazer com que
Naiá brilhasse da terra mesmo. Assim, Jaci poderia ver Naiá, olhando lá do céu.
Por isso, transformou-a em uma "Estrela das Águas". Única e perfeita
estrela que brilha da terra, podendo seu brilho ser visto lá do céu. Essa
Estrela é a Vitória-Régia.
Assim nasceu uma das mais
lindas e exóticas plantas, que é símbolo da floresta Amazônica, cujas flores enormes,
perfumadas e brancas só abrem à noite e, ao nascer do sol, ficam rosadas.
Luar
Assisti recentemente
ResponderExcluirno teatro fiquei curioso para conhecer mais profundamente a história bastante interessante por sinal