Sair
de seu lugar origem, de seu mundo e viver num lugar de
características absolutamente diferentes, embora se esteja em um
mesmo país, é como se estivesse vivendo em um país estrangeiro.
Não é fácil. E é natural que a adaptação seja difícil por se
estar longe dos seus. Saber que é preciso percorrer um longo caminho
para ter o olhar e o abraço de quem se ama, acaba se tornando o
elemento de maior motivação.
Mudam-se
os costumes, as rotinas, os destinos, as vontades. Muda-se de vida
por completo. De início a adaptação é bem difícil, depois vem
naturalmente o deslumbramento. Começa-se por explorar o novo, o
diferente. Conhece-se gentes e lugares interessantes. Experimenta-se
comidas estranhas com sabor carregado de condimentos, e outras tantas
exóticas no sabor e na aparência. Descobre-se coisas inimagináveis,
como o uso das novas tecnologias, que aproximam distâncias e
integram todos na mesma aldeia global. Depois vem a rotina, acelerada
e intensa, mas rotineira. Uma rotina em que muita coisa falta, em que
a aprendizagem é solitária e a aceitação do eu é inevitável.
Às
vezes, pergunto-me como a minha vida pôde mudar tanto exteriormente
e como eu continuo interiormente o mesmo, pois continuo inabalável
quanto aos meus propósitos e confiante quanto ao futuro. Mas, bem
sei que muito de mim mudou tanto que não consigo dimensionar o
quanto. O mais importante foi realmente poder estar comigo, poder
conhecer-me melhor, e aceitar-me como sou, sendo etnicamente
diferente, e compreendendo-me como um ser pensante que possui
individualidade própria e única. E isso é um exercício constante,
longe de tudo e de todos. É aquilo a que chamo solidão saudável.
Entretanto,
também sinto uma necessidade enorme de partilhar meus sentimentos e
posições quanto a essa desenfreada peleja a que chamamos, vida.
Pois quando se vive solitariamente, acaba-se pensando muito em si
mesmo. E acaba-se descobrindo que a preocupação consigo só faz
sentido quando existe a interação com o outro, com o diferente.
Milhões
de pessoas circulam a nossa volta, mas ninguém se conhece. Existe
uma desconfiança generalizada, o que produz um recrudescimento do
egoísmo e do orgulho evidentes. Ninguém parece se preocupar com
ninguém. Ninguém sente dó de ninguém. É como se tivesse sido
queimada rudemente a flor da crença nos bons costumes e da prática
da caridade, pois se percebe total indiferença quanto ao bem estar
alheio.
Mas
é o sentimento pela alegria de viver e de ajudar ao próximo que nos
faz crescer espiritualmente. É esse sentimento que nos dá a imensa
vontade de vencer e alcançar nossos propósitos, sobretudo os mais
nobres. E é nesse intento de nutrir os sentimentos mais elevados que
posso dizer que me sinto feliz, mesmo num lugar tão distante de
casa, porque somos capazes de construir a realidade de acordo com
nossas decisões e boa vontade em servir. Decidamos, então, pelo
melhor, porque a decisão é sempre certa quando começada no alto,
quando vinda do alto, quando aprovada por Deus.
Luar
Belo texto, puro e verdadeiro. Nossa casa é a nossa mente,e é lá onde está o que temos de mais valioso, quem realmente somos, quem amamos e nos ama. Força pra ti nessa jornada e que sejamos abençoados em nossa luta. Salve Luar
ResponderExcluirGratíssimo!
ResponderExcluirRealmente, "nossa casa é nossa mente".
Lembro de Epicuru quando ele diz:
"O corpo humano traz muitas marcas;
O mundo tem muitos mistérios;
Mas é no Espírito que se encontram os grandes segredos do Universo".
Grato pela Força e Incentivo!
Que sjamos abençoados em nossa luta!
Saudações fraternas!