O sol anunciava o final de mais um dia e lá, entre
as árvores, estava Emarã, um sabiá que não se cansava de observar Guaçu, o
grande Gavião Real, cujo voo preciso e perfeito, enchia os seus olhos de
admiração.
Sentia vontade em voar como Guaçu, mas não sabia
como fazer.
Sentia vontade em ser forte como Guaçu, mas não
conseguia ser assim. Todavia, não cansava de segui-lo por entre as muitas
árvores da floresta só para vislumbrar tamanha beleza…!
Um dia, Emarã estava a voar por entre a mata a
observar o voo de Guaçu, quando, de repente, Guaçu sumiu da sua visão.
Voou mais rápido para reencontrá-lo, mas Guaçu havia incrivelmente desaparecido.
Voou mais rápido para reencontrá-lo, mas Guaçu havia incrivelmente desaparecido.
Foi quando levou um enorme susto: deparou-se de uma
forma muito repentina com o grande Gavião Real bem a sua frente.
Tentou conter o seu voo, mas foi impossível, acabou
batendo de frente com o imponente e majestoso pássaro.
Caiu desnorteado no chão e quando voltou a si, pode
ver aquele pássaro imenso bem ao seu lado observando-o.
Sentiu um calafrio no peito, suas asas ficaram
arrepiadas e todo atrapalhado pôs-se em posição de luta.
Guaçu, em sua quietude, apenas o olhava calma e
mansamente, e com uma expressão séria, perguntou-lhe:
- Por que estás a me vigiar, Emarã?
- Quero ser um Gavião Real como tu,
Guaçu. Mas, meu voo é baixo, pois minhas asas são curtas e vislumbro pouco
por não conseguir ultrapassar meus limites.
- E como te sentes, amigo, sem poder desfrutar e
usufruir de tudo aquilo que está além do que podes alcançar com tuas pequenas
asas? Perguntou Guaçu.
- Sinto tristeza! Uma profunda tristeza! A vontade
é muito grande de realizar este sonho…! - Emarã suspirou olhando para o chão…!
E disse:
- Todos os dias acordo muito cedo para vê-lo voar e
caçar. És tão único, tão belo. Passo o dia a observar-te.
- E não voas? Ficas o tempo inteiro a me observar?
Indagou Guaçu.
- Sim. A grande verdade é que gostaria de voar como
tu voas…! Mas as tuas alturas são demasiadas para mim e creio não ter forças
para suportar os mesmos ventos que, com graça e experiência, tu cortas
harmoniosamente…!
- Emarã, bem sabes que a natureza de cada um de nós
é diferente, e isto não quer dizer que nunca poderás voar como um Gavião
Real. Sê firme em teu propósito e deixa que o Gavião que vive em ti possa
dar rumos diferentes aos teus instintos. Se abrires apenas uma fresta para que
o Gavião que está em ti possa te guiar, este dar-te-á a possibilidade de vires
a voar tão alto como eu. Acredita!
E assim, Guaçu preparou-se para levantar voo, mas
voltou-se novamente ao pequeno pássaro que o ouvia atentamente:
- Emarã, apenas mais uma coisa...: Não poderás voar
como um Gavião, se não treinares incansavelmente por todos os dias.
O treino é o que dá conhecimento, fortalecimento e
compreensão para que possas dar realidade aos teus sonhos. Se não pões em
prática a tua vontade, teu sonho sempre será apenas um sonho.
Esta realidade é apenas para aqueles que não temem
quebrar limites, crenças, conhecendo o que deve ser realmente conhecido.
É para aqueles que acreditam serem livres, e quando trazes a liberdade em teu coração poderás adquirir as formas que desejares, pois já não estarás apegado a nenhuma delas, porque serás livre!
É para aqueles que acreditam serem livres, e quando trazes a liberdade em teu coração poderás adquirir as formas que desejares, pois já não estarás apegado a nenhuma delas, porque serás livre!
E, assim, um sabiá poderá, sempre, transformar-se
num Gavião, se esta for sua vontade.
Confia em ti e voa, entrega tuas asas aos ventos e
aprende o equilíbrio com eles.
Tudo é possível para aqueles que compreenderam que
são seres livres, e que para tanto basta apenas acreditar, basta apenas confiar
na capacidade em aprender e ser feliz com a sua escolha.