A
construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, dentre tantos outros danos
ambientais, ameaça de extinção o maior sítio de desova de quelônios da América
do Sul, que são as tartarugas (Podocnemis
expansa) da Amazônia.
Todos
os anos, entre os meses de setembro e novembro, quando o rio está no período de
estiagem, momento em que se formam várias praias nas cabeceiras dos rios, as
tartarugas aparecem para realizar a sua desova. Elas sabem que os seus ovos
depositados nas praias amazônicas vão precisar de um calor forte, típico dessa
época, a fim de que se possa fazer valer todo o esforço para que a vida tenha
continuidade, ou seja, que se dê continuidade ao tão necessário ciclo da vida.
E
há muitos anos, uma das praias que chega a reunir milhares da espécie Podocnemis expansa, a maior tartaruga de
água doce do continente Sul-americano, fica a apenas 10 quilômetros de
distância do canteiro de obras de Belo Monte. A praia que se forma na cabeceira
do rio, é conhecida como Tabuleiro do Embaubal, no rio Xingu, entre os municípios
de Senador José Porfírio e Vitória do Xingu (80 km de Altamira).
As
tartarugas chegam a medir 70 cm de comprimento e a pesar mais de 25 kg,
chegando a desovar em torno de 120 ovos, cada uma. O período de incubação é de
45 a 55 dias. Parece muito, mas essa é a condição de maior vulnerabilidade,
pois são a refeição preferida para muitos animais rastejadores, pássaros,
encontrando no homem, o seu maior predador. Assim, a corrida pela sobrevivência
tem início, mas não se sabe quem chegará a nascer, tornando o momento da
eclosão dos ovos, em que as tartaruguinhas saem correndo em disparada em
direção á água do rio, um dos momentos mais espetaculares da natureza!
Grandes
balsas e outras embarcações passam pela rota onde as tartarugas inevitavelmente
passam para chegar ao Tabuleiro do Embaubal. Esta região do Xingu tem sofrido muitos
impactos diretos com a construção dessa obra, não indiretos como fala o
EIA/Rima (Relatório de Impacto Ambiental).
O
Tabuleiro do Embaubal é formado por mais de cem ilhas no trecho final do rio
Xingu e, com a inundação de áreas como a Volta Grande por conta de Belo Monte,
logo a grande caminhada das tartarugas não passará de meras lembranças.
Um
dos impactos diretos sobre a área de desova das tartarugas da Amazônia é a
hidrovia que liga Belém - Porto de Moz - Vitória do Xingu. Nessa hidrovia,
tem-se detectado uma quantidade enorme de cascos de tartarugas destruídos pelo
impacto de hélices de barcos, rebocadores e balsas gigantescas que passam na
frente do Tabuleiro do Embaubal, bem na rota por onde as tartarugas têm de
passar.
Segundo
especialistas, além do aumento de casos de atropelamento das tartarugas, o
volume de vazamento de óleo diesel no rio Xingu tem sido identificado com
frequência, provocando, em determinadas épocas do ano, uma coloração diferente
no rio. E, por conta do constante trânsito nas hidrovias, e por não encontrarem
lugares seguros para a desova, as tartarugas soltam os ovos em pleno rio.
Qual
será a importância dessa riqueza biológica e da biodiversidade na economia
nacional e o que isso representa para a sociedade brasileira?! Quando teremos
sensibilidade para compreender a complexidade e a importância das questões que
envolvem o planeta, o lugar em que habitamos?!?!
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