quarta-feira, 17 de abril de 2013

O DIA 19 DE ABRIL


       Quando os portugueses desembarcaram na costa brasileira, em 1500, na região que viria a ser o estado da Bahia, todo o território brasileiro já era muito povoado. A população indígena, conforme apontam dados da Arqueologia, Paleontologia, Geologia, Antropologia e outras, estava espalhada em tribos e culturas distintas, numa estimativa de mais de oito milhões de pessoas, divididas em mais de sete mil diferentes etnias, ou seja, tinha mais gente aqui do que em Portugal, França e Espanha juntos.
Desde estão, muita coisa mudou. E em 1940, aconteceu o primeiro Congresso Indigenista Interamericano, no México. O evento quase fracassou, pois as muitas perseguições às populações tradicionais, o desconhecimento e, portanto, o despreparo para lidar com os povos autóctones geraram tanto preconceito, que muitos indígenas resolveram não participar. Porém, no dia 19 de abril do mesmo ano, as lideranças indígenas que resistiram, apresentaram-se para discutir seus direitos, tornando o encontro tão marcante, que se transformou no que ficou conhecido como o “Dia do Índio”, que hoje comemoramos também no Brasil.
Espalhados por todo o Brasil, os povos indígenas têm fundamental importância na história e na cultura do nosso país, muito embora tenha havido muitas perseguições, violência, desrespeito, agressões e um legado de preconceito, até hoje experimentado por nossoutros.
Atualmente existem muitas pessoas e instituições dedicadas à preservação dos povos indígenas, de suas terras e de suas manifestações culturais. Em muitas escolas, os alunos são levados a passeios ou recebem visita de representantes indígenas. Os Museus fazem exposições e diversos municípios organizam festas comemorativas e realizam feiras com exposição de artesanato e amostras de nossa fantástica cultura, para a comemoração do dia 19 de abril.
O fascínio talvez seja em decorrência de que preservamos nossas crenças, nossas lendas, nossos costumes e tradições de respeito ao próximo e aos mais velhos, e acreditamos que fazemos parte de um todo, estando em contínuo processo de evolução. Entretanto, por mais que sejamos povos tradicionais, muitas comunidades indígenas, pela aproximação dos centros urbanos, estão se adaptando inexoravelmente ao mundo contemporâneo, inclusive recebendo as novas tecnologias de comunicação, aproximando distâncias e mostrando que todos pertencemos à mesma aldeia global. Salvo os isolados e os povos amazônicos, que por sua peculiar situação de distanciamento dos centros urbanos, ainda vivenciam o universo equilibrado por Sahú-Watô.
Passamos por vários períodos políticos de dominação, desde os tempos da Colonização, até ao reconhecimento constitucional de direitos específicos às populações tradicionais, respeitando nossa organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, bem como o reconhecimento do direito à alteridade, ou seja, o reconhecimento de que a cultura dos não indígenas não é a única forma de cultura válida neste país.
O direito à diferença, previsto no art. 231, da atual Constituição, explicita que a nós, indígenas, não podem ser negados direitos deferidos aos demais cidadãos brasileiros. O Instituto assegura a todas as populações tradicionais e autóctones do nosso querido e amado Estado brasileiro os diversos direitos decorrentes de nossa peculiar situação.
Mas..., ainda há muito para ser conquistado, a fim de que possamos construir uma sociedade verdadeiramente livre de preconceitos, socialmente justa e igualitária, digna deste país, que traz a pluralidade étnica de seu povo como sua maior característica cultural.


        Luar






4 comentários:

  1. LUAR, mais uma vez o parabenizo pela essencialidade e atualidade de sua escrita. Esse, sobre o 19 de abril é mais um - embora todos os seus - precisa ser mais amplamente socializado.

    Abraço!

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    1. Gratíssimo!
      Folgo em saber que aprecias uma boa leitura.
      Concordo com você, precisa ser mais divulgado!

      Saudações fraternas!

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  2. Hoje os indígenas podem ocupar as áreas públicas, é desejável, porque sabem preservar e como deixar a natureza fazer o seu trabalho, como também podem cooperar com as chamadas cidades sobreranas ou auto sustentávies, e até mesmo inteligente.

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