terça-feira, 23 de abril de 2013

VIDA DE ESTRANGEIRO!


Sair de seu lugar origem, de seu mundo e viver num lugar de características absolutamente diferentes, embora se esteja em um mesmo país, é como se estivesse vivendo em um país estrangeiro. Não é fácil. E é natural que a adaptação seja difícil por se estar longe dos seus. Saber que é preciso percorrer um longo caminho para ter o olhar e o abraço de quem se ama, acaba se tornando o elemento de maior motivação.
Mudam-se os costumes, as rotinas, os destinos, as vontades. Muda-se de vida por completo. De início a adaptação é bem difícil, depois vem naturalmente o deslumbramento. Começa-se por explorar o novo, o diferente. Conhece-se gentes e lugares interessantes. Experimenta-se comidas estranhas com sabor carregado de condimentos, e outras tantas exóticas no sabor e na aparência. Descobre-se coisas inimagináveis, como o uso das novas tecnologias, que aproximam distâncias e integram todos na mesma aldeia global. Depois vem a rotina, acelerada e intensa, mas rotineira. Uma rotina em que muita coisa falta, em que a aprendizagem é solitária e a aceitação do eu é inevitável.
Às vezes, pergunto-me como a minha vida pôde mudar tanto exteriormente e como eu continuo interiormente o mesmo, pois continuo inabalável quanto aos meus propósitos e confiante quanto ao futuro. Mas, bem sei que muito de mim mudou tanto que não consigo dimensionar o quanto. O mais importante foi realmente poder estar comigo, poder conhecer-me melhor, e aceitar-me como sou, sendo etnicamente diferente, e compreendendo-me como um ser pensante que possui individualidade própria e única. E isso é um exercício constante, longe de tudo e de todos. É aquilo a que chamo solidão saudável.
Entretanto, também sinto uma necessidade enorme de partilhar meus sentimentos e posições quanto a essa desenfreada peleja a que chamamos, vida. Pois quando se vive solitariamente, acaba-se pensando muito em si mesmo. E acaba-se descobrindo que a preocupação consigo só faz sentido quando existe a interação com o outro, com o diferente.
Milhões de pessoas circulam a nossa volta, mas ninguém se conhece. Existe uma desconfiança generalizada, o que produz um recrudescimento do egoísmo e do orgulho evidentes. Ninguém parece se preocupar com ninguém. Ninguém sente dó de ninguém. É como se tivesse sido queimada rudemente a flor da crença nos bons costumes e da prática da caridade, pois se percebe total indiferença quanto ao bem estar alheio.
Mas é o sentimento pela alegria de viver e de ajudar ao próximo que nos faz crescer espiritualmente. É esse sentimento que nos dá a imensa vontade de vencer e alcançar nossos propósitos, sobretudo os mais nobres. E é nesse intento de nutrir os sentimentos mais elevados que posso dizer que me sinto feliz, mesmo num lugar tão distante de casa, porque somos capazes de construir a realidade de acordo com nossas decisões e boa vontade em servir. Decidamos, então, pelo melhor, porque a decisão é sempre certa quando começada no alto, quando vinda do alto, quando aprovada por Deus.


Luar




2 comentários:

  1. Belo texto, puro e verdadeiro. Nossa casa é a nossa mente,e é lá onde está o que temos de mais valioso, quem realmente somos, quem amamos e nos ama. Força pra ti nessa jornada e que sejamos abençoados em nossa luta. Salve Luar

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  2. Gratíssimo!
    Realmente, "nossa casa é nossa mente".
    Lembro de Epicuru quando ele diz:
    "O corpo humano traz muitas marcas;
    O mundo tem muitos mistérios;
    Mas é no Espírito que se encontram os grandes segredos do Universo".
    Grato pela Força e Incentivo!
    Que sjamos abençoados em nossa luta!

    Saudações fraternas!

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